A Linha do Coutinho / Oliveira, Uma Narrativa — Capítulo Três

Este é o Capítulo 3 de 3, sendo o último capítulo que acompanha esta linhagem familiar. (De relembrar que, no total, existem 6 capítulos: o primeiro conjunto de 3 capítulos está escrito em inglês; o segundo conjunto de 3 capítulos está traduzido para português.

Cartaz de viagem de Jatos da Varig Airlines para a Bahia, por volta de 1960.
(Imagem cortesia da Librairie Elbé, Paris).

Um Lugar Completamente à Parte

As famílias Coutinho e Oliveira são famílias tradicionais católicas romanas brasileiras, descendentes de imigrantes portugueses. No entanto, o estado da Bahia, no nordeste do Brasil, para onde imigraram, é um local único, bastante distinto do resto do país. Há razões históricas para isso… (1)

O Catolicismo é a Religião Fundamental do Brasil

Segundo a tradição, a primeira missa católica celebrada no Brasil ocorreu a 26 de abril de 1500. Foi celebrada por um padre que chegou ao país juntamente com os piratas e exploradores portugueses para reivindicar a posse das terras recém-descobertas. A primeira diocese do Brasil foi erigida mais de 50 anos depois, em 1551.

A forte herança católica do Brasil remonta ao zelo missionário ibérico, cujo objetivo no século XV era difundir o cristianismo. As missões da Igreja começaram a dificultar a política governamental de exploração dos povos indígenas. Assim, em 1782, os jesuítas foram suprimidos e o governo intensificou o controlo sobre a Igreja. Atualmente, a Igreja Católica é a maior denominação religiosa do país, com 119 milhões de pessoas, ou 56,75% da população brasileira, a declarar-se católica em 2022. Estes números fazem do Brasil o país com a maior comunidade católica do mundo. Existe um vasto panteão de santos na tradição católica. (Wikipedia e Google)

Em cima, à esquerda: Exterior da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Salvador. Canto superior direito: Fitas atadas à vedação que circunda a igreja. Leem ‘Lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia’ e estão ligados à crença de verem os seus desejos atendidos. Em baixo: Vista interior da Igreja e Convento de São Francisco / Igreja e Convento de São Francisco.

Comentário: Há mais católicos romanos no Brasil do que em Itália, simplesmente porque a população do Brasil é muito maior do que a da Itália. Seria muito apropriado dizer que o catolicismo é uma religião institucionalizada na Bahia. Especificamente, as fontes citam que existem mais de 365 catedrais e igrejas históricas só em Salvador, na Bahia. (Uma para cada dia do ano — o que nos leva a pensar: e o dia 29 de fevereiro? Em vez de ir à igreja, todos ganham um dia de folga para ir à praia?) (2)

A Escravatura só Terminou Oficialmente em 1888

Durante o período do tráfico atlântico de escravos, o Brasil importou mais africanos escravizados do que qualquer outro país do mundo. Dos 12 milhões de africanos trazidos à força para o Novo Mundo, aproximadamente 5,5 milhões foram levados para o Brasil entre 1540 e a década de 1860. A escravização em massa de africanos desempenhou um papel fundamental na economia do país e foi responsável pela geração de vastas riquezas. Nos primeiros 250 anos após a colonização do território, cerca de 70% de todos os imigrantes que chegaram à colónia eram pessoas escravizadas.

A escravatura não foi legalmente abolida em todo o país até 1888, quando Isabel, Princesa Imperial do Brasil, promulgou a Lei Áurea. A Lei Áurea foi precedida pela Lei Rio Branco, de 28 de setembro de 1871 (Lei do Nascimento Livre), que libertou todas as crianças nascidas de pais escravizados, e pela Lei Saraiva-Cotegipe, de 28 de setembro de 1885, que libertou os escravos quando estes completassem 60 anos. O Brasil foi o último país do mundo ocidental a abolir a escravatura.” (Wikipedia, ver notas de rodapé).

À esquerda: Isabel, Princesa Imperial do Brasil, fotografada por Joaquim Insley Pacheco, cerca de 1870. À direita: Manuscrito da Lei Áurea do Arquivo Nacional do Brasil.

Candomblé e Sincretismo

Quando vivíamos na Bahia, por vezes assistíamos a partes de cerimónias de Candomblé realizadas num local chamado terreiro. Estes espaços sagrados são centrais para o Candomblé, servindo como local de culto comunitário, rituais e ligações com os espíritos ancestrais. Ambos achávamos notável que muitos Pai-de-santos ou Mãe-de-santos diferentes pudessem olhar para ti e dizer-te exatamente qual o Orixá que te estava a proteger. (E entre eles, em diferentes épocas e lugares, eram sempre os mesmos).

“O Candomblé desenvolveu-se entre as comunidades afro-brasileiras no meio do tráfico atlântico de escravos, entre os séculos XVI e XIX. Surgiu da fusão das religiões tradicionais africanas dos povos iorubá, bantu e fon, trazidas para a América do Sul, com o catolicismo romano, especialmente os santos católicos. Consolidou-se principalmente na região da Bahia durante o século XIX.” (Wikipédia e Altar Gods)

Uma das tradições religiosas centrais do Candomblé é a veneração dos Orixás, energias divinas associadas a diferentes elementos da natureza. Acredita-se que os indivíduos se identificam com um dos Orixás como o seu espírito tutelar. (Altar Gods)

Quando muitos escravizados chegaram à Baía durante a diáspora, encontraram os colonialistas portugueses católicos romanos que controlavam a região. De forma muito astuta, mantiveram as suas afiliações religiosas, ocultando secretamente os seus próprios santos, que estavam associados a santos católicos, como forma de preservar as crenças africanas apesar da conversão religiosa forçada. Isso chama-se sincretismo. Exemplo disso é o Orixá Ogun, que representa São Jorge, São Sebastião ou Santo António, dependendo da região. O Candomblé pode ser considerado uma religião não-institucionalizada na Bahia.

Imagem superior: Obra de arte contemporânea representando três Orixás. Inferior esquerda: Grupo de praticantes de Candomblé fotografados em 1902. (Ambas as imagens são cortesia de Altar Gods). Em baixo, à direita: Fotografia de família da festa de Iemanjá realizada todos os anos em fevereiro em Salvador, Bahia.

Em síntese, “o Candomblé é uma religião exclusivamente afro-brasileira, possibilitada pela mistura de tradições africanas, europeias e indígenas no Novo Mundo. O Candomblé é mais forte na Bahia, Brasil, um importante porto para a chegada de africanos. A sua principal cidade, Salvador, foi a primeira capital do Brasil. O primeiro terreiro de Candomblé foi construído em Salvador no século XIX, após a abolição da escravatura.” (Wikipédia) (4)

A Família Oliveira de Ubaitaba por volta de 1949-50. Da esquerda para a direita: Raynelde Dantas Motta, Laura (Oliveira) Motta, Lourdes Oliveira, João Celestino de Oliveira, Maria (Almeida) de Oliveira, Lindaura de Almeida Oliveira e José Oliveira. (Foto de família).

A Família Oliveira de Ubaitaba

Ubaitaba é uma pequena cidade ribeirinha localizada num trecho remanescente da Mata Atlântica antiga, no estado da Bahia, entre as cidades de Salvador e Ilhéus. Esta região “era anteriormente habitada por povos indígenas [Tupi] até à chegada dos colonizadores portugueses. Após o contacto com os portugueses e o estabelecimento das Capitanias do Brasil pelo Rei Manuel I de Portugal a partir de 1504, o território do município passou a fazer parte das terras da Capitania de São Jorge dos Ilhéus. A vila de São Jorge dos Ilhéus foi fundada em 1536 como Vila de São Jorge dos Ilhéos. O nome moderno de Ubaitaba tem origem na língua Tupi.

Ao longo do século XVIII, desenvolveu-se a Capitania de São Jorge dos Ilhéus e estabeleceram-se quintas ao longo da costa da vasta região. A origem da vila está relacionada com a criação das fazendas do Arraial de Tabocas e do Arraial de Faisqueira (em 1783), área então utilizada para a extração de madeira, cultivo de cana-de-açúcar, cereais e cacau.

This is a excerpted portion of the General Map of Brazil published in January 1911, and organized by the company Hartmann-Reichenbach. The red lines are railways. (Map image courtesy of Mapas Históricos da Bahia).

A 28 de janeiro de 1914, uma cheia destruiu o Arraial de Tabocas, dispersando a sua população. Coordenados pelo médico Francisco Xavier de Oliveira, residente na aldeia, as vítimas reconstruíram a aldeia, erguendo-a acima das águas. O nome escolhido foi Itapira. [Este nome foi alterado para] Ubaitaba, concedido em 1933, uma combinação das palavras indígenas “ubá, que significa canoa pequena, ‘y’, que significa rio, e ‘taba’ que significa vila/cidade.

Ao analisar as poucas fotografias históricas disponíveis da cidade, percebe-se que o traçado é constituído por duas ruas paralelas que acompanham a margem do rio. Entre as duas ruas, encontra-se um amplo meridiano arborizado, com a Igreja Católica numa das extremidades da cidade. As lojas e comércios têm um ou dois andares e estão virados para a rua. Fornecemos esta descrição porque a família Oliveira possuía um armazém em Ubaitaba, do tipo então conhecido por mercearia.

À esquerda: Uma das duas ruas principais da cidade de Ubaitaba, na Bahia, no século XIX. À direita: a igreja que marcava o fim das ruas. O mercado geral, “mercearia”, gerido pela família Oliveira, situava-se provavelmente em algum lugar ao longo desta rua e poderia ter sido semelhante ao apresentado na fotografia inferior. (Para créditos das fotografias, ver notas de rodapé).

Antes do aparecimento das grandes cadeias de retalho, as mercerias gerais serviam como lojas de bairro essenciais, onde as pessoas podiam comprar uma variedade de produtos do dia-a-dia, funcionando como um ponto central nas comunidades locais. Vendiam uma grande variedade de produtos básicos e importados, incluindo artigos essenciais como arroz, feijão e açúcar, bem como produtos indispensáveis ​​como sabão e fósforos, e uma seleção de alimentos e bebidas importadas. Também ofereciam produtos locais, como café, queijo e fruta.

Algumas mercearias raras ainda existem até hoje, mas este nome evocativo em particular deu lugar ao nome bastante genérico e universal de mini-mercado. (Pense em bilhetes de lotaria, cigarros, um pacote de leite e talvez alguns snacks, ou donuts). Nesta era moderna do Walmart em que vivemos, existem poucos lugares nas comunidades locais onde se pode entrar numa pequena loja familiar e todos saberem o seu nome.

À família de Oliveira…
Podemos começar por Manoel Celestino de Oliveira, nascido (provavelmente) no Brasil. Casou com Rita Celestino de Oliveira. Tiveram um filho, cujo nome é —

João Celestino de Oliveira, nascido a 6 de novembro de 1890 — em Maceió, Alagoas (estado) faleceu a 25 de novembro de 1968, em Ubaitaba. Casou duas vezes: primeiro com Eufrosina Souza Oliveira, até à sua morte antes de 1925. Tiveram um filho.

Em segundo lugar, casou com Maria de Almeida em 1925. Nasceu a 20 de março de 1900 em Maracás — faleceu a 5 de outubro de 1968, em Ubaitaba. Tiveram mais quatro filhos. Os pais de Maria de Almeida eram: Cândido Olegário de Almeida e Balbina Olegário.

Juntos, João Celestino de Oliveira e Maria de Almeida criaram 5 filhos. Todos os nascimentos e óbitos ocorreram na Bahia, Brasil, salvo indicação em contrário:

  • Agostinho Celestino de Oliveira, nascido a 13 de Agosto de 1919 — falecido a 12 de Abril de 1983. (A sua mãe biológica foi a primeira mulher Eufrosina Souza Oliveira). Casou com Ana Eusátquio de Souza a 24 de abril de 1944.
  • Lindaura de Almeida (Oliveira) Coutinho, nascida a 24 de outubro de 1927 em Ubaitaba — falecida a 19 de junho de 2020 em Salvador. (Lindaura leva a linhagem familiar mais longe. Veja o seu cônjuge e filhos abaixo).
  • Laura de Almeida (Oliveira) Motta, nascida a 27 de março de 1929. Casou com Raynelde Dantas Motta, a 30 de março de 1949.
  • José Celestino de Oliveira, nascido a 20 de dezembro de 1937 — falecido em 1992. Casou com Nidia Maria Amado de Oliveira em maio de 1968.
    Era prima do querido romancista brasileiro Jorge Amado (ver notas de rodapé).
  • Maria Lourdes de Almeida (Oliveira) Cunha, nascida a 11 de Novembro de 1938. Casou com Humberto Olegário da Cunha a 28 de Dezembro de 1965. (5)
Paulo de Azevêdo Coutinho, cerca de 1966, e
Lindaura Almeida (Oliveira) Coutinho, cerca de 1950.
(Fotos de família).

“Nem imaginas o quanto senti a tua falta…”

Antes de se casarem, Paulo e Lindaura trocaram cartas durante cerca de dois anos, até ficarem noivos em setembro de 1950. (Nessa altura, as cartas eram a única forma de comunicação. Os telefones residenciais ainda eram uma novidade e bastante caros no Brasil daquela época). Nenhuma destas cartas de namoro sobreviveu, mas algumas outras foram preservadas. Ao analisá-las, notamos a ternura com que ainda escrevia à sua mulher, Lindaura, mesmo muitos anos após o casamento. Numa carta de 1968 (que incluímos nas notas de rodapé), lemos estas palavras —

11 de abril de 1968

Minha querida Lindaura,

Saúde, juntamente aos nossos queridos filhos.

Estou arranjando as coisas para que possa vir no início de maio. Rivaldo conseguiu uma casa na Piranga, mas tem que fazer grandes reformas. Não pagarei aluguel, nem concerto.

Acho que na Piranga, os nossos filhinhos não extranharão muito o clima de Piranga. Breve lhe escreverei, carta mais minuciosa. Não calcula você, o quanto de saudade tenho sentido. Muitos beijos para os nossos filhos. Saudoso abraço do seu Paulo.

PS: A gratificação vai ser compensadora. NBR$ 500,00. Se a camioneta da “Ritom” não chegar até o dia 17 deste, mandarei os vestidos de Maria Celeste de avião.

Fotografia do seu casamento em março de 1952. (Family photograph).

Paulo de Azevêdo Coutinho, nascido a 29 de junho de 1919 em Lençóis — falecido a 28 de novembro de 1990 em Salvador. Casou com Lindaura Almeida de Oliveira a 19 de março de 1952 em Ubaitaba. Nasceu a 24 de outubro de 1927 em Ubaitaba — faleceu a 19 de junho de 2020 em Salvador.

O casal teve cinco filhos, como se descreve abaixo. Todos os nascimentos e óbitos ocorreram na Bahia, Brasil, salvo indicação em contrário:

  • Maria Celeste Oliveira Coutinho, nascida a 14 de julho de 1953 em Salvador. Casou com Bernardino Dantas de Santana, em 28 de Julho de 1989, (termina) data desconhecida.
  • Maria Angela Oliveira (Coutinho) Martins Bass, nascida a 11 de Abril de 1955 em Salvador. Casou duas vezes, a primeira vez com Antonio Martins Jr., 1985 — (termina) antes de 2002. Casou a segunda vez com Robert Bass, 2002 — 2010, (a sua morte). Morreu no condado de Sarasota, Flórida, Estados Unidos.
  • Maria Cristina Oliveira (Coutinho) Pinheiro, nascida a 27 de maio de 1961 em Ilhéus. Casou com Antonio Carlos Marques Pinheiro, em 1983. Tiveram dois filhos.
  • Paulo Emilio Oliveira Coutinho, nascido a 17 de setembro de 1963 em Ilhéus. Casou uma vez, primeiro com Marizela Cardoso Sales, 1991 — (termina) antes de 2009. Tiveram dois filhos. Em segundo lugar, juntou-se a Sonia Alves Silva Chagas, em 2023. Têm um filho.
  • Leandro José Oliveira Coutinho, nascido a 30 de setembro de 1965 em Ilhéus. Casou com Thomas Harley Bond em 26 de Junho de 2008.

Antes de conhecer Lindaura Almeida Oliveira, Paulo de Azevêdo Coutinho manteve uma relação anterior com uma mulher de nome Zulmira Silva. Embora nunca tenham se casado, e ela tenha falecido em 1952, desta união nasceram dois filhos, meios-irmãos da família (em cima). Paulo foi então pai de sete filhos.

À esquerda: Paulo, Lindaura, e Sonia Coutinho, cerca de 1950. À direita: Newton numa fotografia escolar, cerca de 1954. (Fotografias de família).
  • Sonia Maria De Azevêdo (Coutinho) Costa, nascida a 5 de novembro de 1942, em Salvador. Casou com Jorge Augusto de Oliveira Costa em 1969. Tiveram dois filhos.
  • Newton de Azevêdo Coutinho, nascido a 25 de setembro de 1944 — falecido a 27 de maio de 2000, ambos em Salvador. Casou com Titê _____ em 1971. Tiveram uma filha. (6)
Edição de 21 de julho de 1967 do jornal Diário de Itabuna:
“Com a presença do presidente da Câmara José de Almeida Alcântara, vereadores, autoridades e imprensa, o coronel Paulo Coutinho tomou posse como chefe da polícia de Itabuna ontem às 15h00. Durante o seu discurso (foto), o presidente da Câmara Alcântara (na foto) enfatizou a necessidade de ‘um combate mais eficaz ao infame jogo do bicho [um jogo ilegal de números, ver notas de rodapé], que é abertamente desenfreado na cidade”. (Fotografia de família).

Coronel Paulo Coutinho

A fotografia acima, tirada num jornal, mostra o Coronel Paulo Coutinho como o recém-empossado Chefe de Polícia de Itabuna, em Julho de 1967. O homem animado, gesticulando com o braço, é José de Almeida Alcântara, o presidente da Câmara local, que parece bastante incomodado com as actividades de um jogo ilegal de números chamado Jogo de Bicho. Este era um jogo extremamente popular e, ao mesmo tempo, extremamente ilegal. Explorava pessoas que simplesmente não tinham condições para jogar. Segundo a Wikipédia: “Diz-se que o jogo se popularizou porque aceitava apostas de qualquer valor, numa época em que a maioria dos brasileiros lutava para sobreviver a uma profunda crise económica. ‘Se vir duas cabanas perdidas algures no interior’, observou certa vez um diplomata brasileiro, ‘pode apostar que um bicheiro [alguém ligado ao jogo] vive numa delas e um apostador assíduo na outra’”.

Era dever do Coronel Coutinho reprimir a operação ilegal. Esta era uma oportunidade para alguém na sua posição aceitar subornos e dinheiro por baixo dos panos para fazer vista grossa, mas nunca o fez. Até hoje, a sua família afirma categoricamente que ele era aquilo que se poderia descrever como um homem íntegro, que acreditava que viver uma vida honesta era melhor do que ascender através da corrupção. (E isto durante a era de uma ditadura militar repressiva, da qual a sua família também afirma que ele se manteve afastado).

A designação Polícia Militar só foi padronizada em 1946, durante o governo de Getúlio Vargas, com a nova Constituição de 1946, após o período Vargas do Estado Novo (1937-1945), que tinha como objetivo limitar a capacidade militar das Forças Armadas para que estas se concentrassem exclusivamente nas suas funções policiais. Historicamente, no Brasil, Após a Segunda Guerra Mundial, a Polícia Militar tornou-se uma força policial mais tradicional, semelhante à gendarmaria, subordinada aos estados’. Os gendarmes raramente são mobilizados em situações militares, exceto em missões humanitárias no estrangeiro. Num país como os Estados Unidos, as forças armadas e a polícia actuam de forma separada em termos de interacção com a comunidade.” Portanto, para quem não é brasileiro, este termo pode ser enganador.

“De acordo com o artigo 144.º da Constituição Federal, a função da Polícia Militar é servir como uma força policial visível e preservar a ordem pública. [Ela] está organizada como uma força militar e tem uma estrutura hierárquica militar. O comandante da Polícia Militar de um estado é geralmente um Coronel. O comando está dividido em regiões policiais, que mobilizam batalhões e companhias policiais.” (Wikipédia)

O Coronel Coutinho trabalhou em várias comunidades diferentes durante a sua carreira: Ilhéus, Itabuna, Juazeiro, e Salvador. Algumas destas missões separaram-no, por vezes, da sua família em crescimento por períodos de tempo. (7)

A casa dos Coutinho quando viviam em Ilhéus, na Bahia, situada na Rua Almiro Vinhas, 13.

Vivendo em Ilhéus e depois em Piranga

A família Coutinho era uma família de classe média numa época no Brasil em que existiam muito poucas famílias deste perfil. De facto, das décadas de 1950 a 1980, a classe média era muito pequena. Depois, as coisas começaram a mudar com o avanço da democracia e a prosperidade económica. A classe média representava 15% da população brasileira no início da década de 1980 e abrange agora quase um terço dos 190 milhões de habitantes do país. Este crescimento deve-se ao bom desempenho económico do Brasil nos últimos anos, às políticas de redução da pobreza, às novas oportunidades de emprego e a uma força de trabalho mais qualificada. (World Bank Group)

A família Coutinho, cerca de 1967. Primeira fila, da esquerda para a direita: Paulo e Cristina. Segunda fila, da esquerda para a direita: Ângela, Celeste, Lindaura, Paulo pai, e Leandro.
(Fotografia de família).

Por volta de 1969, a família mudou-se para a região norte da Bahia durante um ano, vivendo em Piranga, na fronteira norte do estado. Como escreveu Paulo numa carta a Lindaura em Abril de 1968: “O bónus valerá a pena. R$ 500,00”. Isto indica-nos que a mudança para o norte se deveu provavelmente a uma promoção na carreira de Paulo, que passou a coronel da Polícia Militar.

Trata-se de um excerto do Mapa Geral do Brasil publicado em janeiro de 1911. Piranga é um pequeno município situado nas margens do rio São Francisco, no alto estado da Bahia. (Imagem do mapa cortesia de Mapas Históricos da Bahia).

A comunidade de Piranga é um pequeno município e um subúrbio de Juazeiro, que “está geminada com Petrolina, no estado [adjacente] de Pernambuco. As duas cidades estão ligadas por uma ponte moderna que atravessa o rio São Francisco. Juntas, formam a região metropolitana de Petrolina-Juazeiro, um conglomerado urbano de cerca de 500.000 habitantes”. (Wikipédia) A família regressou a Ilhéus antes de se mudar finalmente para Salvador em 1970. (8)

Pensando em Helena e Maria

Observação: Quando vivi pela primeira vez em Salvador, na Bahia, fiquei surpreendido com a enorme quantidade de pessoas que tinham outras disponíveis para trabalhar como empregadas domésticas. Como criança americana de classe média, isto não era algo remotamente acessível para nós. Tínhamos sempre muitas tarefas para fazer, para além de todas as outras responsabilidades que tínhamos enquanto adolescentes. — Thomas

“O fim da escravatura em 1888 não foi acompanhado de qualquer plano para integrar os ex-escravos negros numa sociedade capitalista baseada no trabalho remunerado. Embora fossem oferecidos empregos remunerados aos europeus que emigraram para o Brasil depois disso, para muitas mulheres negras pobres e sem instrução, a única possibilidade era continuar a trabalhar como empregadas domésticas”. Como recorda o escritor Mike Gatehouse: ‘As mulheres… viviam num pequeno quarto na zona de serviço do nosso apartamento. Isto era comum para todas as minhas amigas, como tinha sido para os nossos pais. Durante esses anos, as tarefas domésticas nunca fizeram parte da minha rotina ou algo com que tivesse de me preocupar. A casa funcionava como um hotel, onde os quartos eram limpos, as roupas lavadas e as refeições apareciam como que por magia.’” (LAB — Latin American Bureau, ver notas de rodapé.)

Cerca de 1970, Paulo foi novamente promovido. Este levou a família à cidade costeira de Salvador, no bairro de Canela.

Em Ilhéus, Piranga e Salvador, Helena desempenhou o importante papel de auxiliar doméstica. Viveu com a família Coutinho até aos 21 anos e ajudou a cuidar das crianças. Além disso, uma outra mulher chamada Maria assumia a função de empregada doméstica, mas não vivia na casa.

À esquerda: A casa dos Coutinho quando viviam em Salvador, Bahia, situada no Edifício Júpiter,
Avenida Sete de Setembro, 2155, no bairro da Vitória. À direita: Helena, com Leandro.
(Fotos de família).

Em 1975, mudaram-se pela última vez para uma nova casa num moderno arranha-céus chamado Edifício Júpiter, localizado no famoso Corredor da Vitória. (No Brasil, é muito comum identificar os edifícios pelo nome, em vez da morada). Este edifício e o bairro vizinho de Vitória proporcionavam à família um fácil acesso a comodidades, boas escolas para os filhos e, muito importante, segurança, durante um período de grande tensão no Brasil. Lindaura, a mãe da família, viveu no Edifício Júpiter durante 45 anos.

Mapa da cidade de Salvador, Brasil. A área circulada a verde engloba os bairros da Canela e da Vitória, onde residia a família Coutinho.
(Imagem cedida por Geographicus Rare Antique Maps).

“Com menos de um quilómetro de extensão, o Corredor da Vitória alberga o Museu de Arte da Bahia, o Museu Carlos Costa Pinto e o Museu Geológico da Bahia. Vitória é uma das áreas urbanas mais valorizadas do Nordeste do Brasil.” (Wikipédia)

Leandro recorda-se das muitas mangueiras e das grandes casas antigas que ainda ladeavam a rua. Por vezes, com o falecimento das famílias mais antigas, as suas casas e jardins eram abandonados e deterioravam-se. (A maioria destas casas acabou por ser demolida para dar lugar a modernos prédios de apartamentos). Até hoje, conta histórias de como a sua paixão pelas mangas o levava a invadir estes antigos jardins, a subir às árvores e a sair furtivamente com um cacho de mangas frescas. (9)

A Culpa é da Bossa Nova

Quando eu e o Leandro nos conhecemos, foi um verdadeiro encontro entre a América do Norte e a América do Sul, porque o inglês dele não era muito bom e o meu português era inexistente. (Tinha vivido na Alemanha na década anterior e, antes disso, na França, pelo que o seu francês e alemão eram bastante bons). Como norte-americano, eu era (e ainda sou, em certa medida) um grande contraste com a sua capacidade linguística. Sempre me impressionou a facilidade com que transita fluentemente para outras línguas em jantares.

Inicialmente, nessa altura, pensei no que sabia sobre o Brasil, e a resposta era: não muito. Quando eu era rapaz, o Brasil mergulhou num regime militar repressivo e simplesmente não havia notícias sobre isso nos jornais locais. Quando a democracia regressou ao Brasil entre 1985 e 1988, ninguém que eu conhecesse prestou muita atenção, embora estivéssemos conscientes desta mudança.

Como a maioria dos americanos, se sabia alguma coisa sobre o Brasil, era basicamente Carmen Miranda e alguns êxitos de bossa nova nas rádios. A Sra. Miranda era famosa por usar um chapéu de banana nos filmes, sempre linda (e parecendo divertir-se imenso a fazê-lo). A música Bossa Nova foi depois traduzida para inglês para agradar ao público americano (e, claro, para vender mais discos).

A maioria de nós conhecia o êxito “Garota de Ipanema”, que ouvíamos nos rádios AM a pilhas. Influenciada pela música, a banda Sergio Mendes & Brazil ’66 era extremamente popular em meados da década de 1960 (na altura em que Leandro nasceu). Aliás, eram tão famosos que ainda me lembro perfeitamente de estar num campo enlameado em Newbury Township, Ohio, depois de uma tempestade, quando tinha uns 10 anos. Assisti à banda marcial da Newbury High School a tocar uma versão muito boa da música Mas Que Nada (que, ironicamente, era cantada em português). Diria que era de dar vontade de bater o pé ao ritmo, mas as minhas botas estavam atoladas na lama.

Mas Que Nada interpretada por Sergio Mendes e Brasil ’66.

Para Leandro e a sua família, os Coutinhos e os Oliveiras — passados ​​muitos e muitos anos, a vida completou um ciclo, pois regressámos à terra ancestral dos seus antepassados. Vemos o mundo através das nossas lentes modernas, pensando sempre naqueles que aqui viveram antes de nós. Para esta família, invertemos o rumo da sua imigração passada, pois agora vivemos em Lisboa, Portugal. (10)

— Thomas

A seguir são apresentadas as notas de rodapé para os Materiais de Fonte Primária, Notas e Observações

Um Lugar Completamente à Parte

(1) — um registos

Librairie Elbé Paris
Jets to Brazil, Varig Airlines cartaz de viagem
por artista desconhecido, cerca de 1960
https://www.elbe.paris/en/vintage-travel-posters/1618-vintage-poster-1960-jets-brazil-varig-airlines.html
Nota: Para a arte do cartaz vintage.

O Catolicismo é a Religião Fundamental do Brasil

(2) — quatro registos

Catholic Church in Brazil
(Igreja Católica no Brasil)
https://en.wikipedia.org/wiki/Catholic_Church_in_Brazil
Nota: Para o texto.

Alguns santos do panteão Católico romano.

Estátuas de Santos em Ouro Preto, Minas Gerais
por Fotógrafo desconhecido
https://en.wikipedia.org/wiki/Catholic_Church_in_Brazil#/media/File:-i—i-_(6288973445).jpg
Nota: Para a fotografia acima

Afar
The São Francisco Church e Convent
Igreja e Convento de São Francisco

https://www.afar.com/places/igreja-e-convento-de-sao-francisco-salvador
Nota: Para a fotografia.

Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Salvador
https://en.wikipedia.org/wiki/Church_of_Nosso_Senhor_do_Bonfim,_Salvador
Nota: Para o texto explicativo “Lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia”

A Escravatura só Terminou Oficialmente em 1888

(3) — quatro registos

Escravatura no Brasil
https://en.wikipedia.org/wiki/Slavery_in_Brazil
Nota: Para o texto.

Isabel, Princesa Imperial do Brasil
https://en.wikipedia.org/wiki/Isabel,_Princess_Imperial_of_Brazil
Nota: Para referência.

Isabel, Princesa Imperial do Brasil
fotografado por Joaquim Insley Pacheco, cerca de 1870
https://en.wikipedia.org/wiki/Isabel,_Princess_Imperial_of_Brazil#/media/File:Isabel,_Princesa_do_Brasil,_1846-1921_(cropped).jpg
Nota: Para o retrato dela.

Lei Áurea
https://en.wikipedia.org/wiki/Lei_Áurea
Nota: Para a imagem do documento.

Candomblé e Sincretismo

(4) — três registos

Ilustração Carybé do Orixa Yemanjá.
(Imagem cortesia do Pinterest).

Candomblé
https://en.wikipedia.org/wiki/Candomblé
Nota: Para o texto e a fotografia histórica de 1902.

Altar Gods
Candomble: Afro-Brazilian Faith and the Orixas
(Candomblé: A Fé Afro-Brasileira e os Orixás)
https://altargods.com/candomble/candomble/
Nota: Referente ao texto e às obras de arte.

A Família Oliveira de Ubaitaba

(5) — cinco registos

> A fotografia de família nesta secção faz parte da coleção pessoal de fotografias de família.

Ubaitaba
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ubaitaba
Nota: Para o texto.

Mapas Históricos da Bahia
Mapa da Bahia de 1911
https://www.historia-brasil.com/bahia/mapas-historicos/seculo-20.htm
Nota: Trata-se de um excerto do Mapa Geral do Brasil publicado em janeiro de 1911 e organizado pela empresa Hartmann-Reichenbach. As linhas vermelhas representam caminhos-de-ferro.

Ubaitaba.com
História Regional e História
http://ubaitaba.com/historia-regional/
Nota: As fotografias superiores são da secção do website com a etiqueta História Regional e História.

Restos de Colecção
Mercearias e Mini-Mercados
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2013/05/mercearias-e-mini-mercados.html
Nota: Para a fotografia inferior intitulada Antigas Mercearias.

“Nem imaginas o quanto senti a tua falta…”

(6) — nove registos

> As fotografias de família desta secção fazem parte da coleção pessoal de fotografias de família.

Carta de Paulo para a sua esposa Lindaura, datada de 11 de abril de 1968, pouco antes da sua mudança para Piranga, na Bahia.

Jorge Amado, (10 de agosto de 1912 — 6 de agosto de 2001) “…foi um escritor brasileiro da escola modernista. Continua a ser o mais conhecido dos escritores brasileiros modernos, com a sua obra traduzida em cerca de 49 línguas e popularizada no cinema, entre as quais Dona Flor e Seus Dois Maridos, em 1976, e tendo sido nomeado para o Prémio Nobel da Literatura pelo menos sete vezes.

Retrato do romancista Jorge Amado.

A sua obra reflete a imagem de um Brasil mestiço* e é marcada pelo sincretismo religioso. Retratou um país alegre e otimista que, ao mesmo tempo, era assolado por profundas diferenças sociais e económicas.” (Wikipédia) *Mestiço é um termo português que se refere a pessoas de raça mista, ou seja, pessoas de ascendência europeia e indígena não europeia.

Jorge Amado
https://en.wikipedia.org/wiki/Jorge_Amado
Nota: Para o texto.

Fundação Casa de Jorge Amado
https://www.jorgeamado.org.br/
Nota: Para o seu retrato.

Editoras Brasileiras
3 Livros para Conhecer a Obra de Jorge Amado,
Mestre do Realismo Social e da Imaginação Baiana
https://brazilianpublishers.com.br/en/noticias-en/3-books-to-get-to-know-the-work-of-jorge-amado-master-of-social-realism-and-bahian-imagination/
Nota: Para o texto.

O site da Editoras Brasileiras recomenda estes “três livros essenciais [que devem ser lidos] para descobrir a força e a diversidade da sua literatura”. (O texto descritivo abaixo é do site deles).

  • Capitães da Areia
    No livro, acompanhamos Pedro Bala, Professor, Gato, Sem Pernas e Boa Vida, jovens marginalizados que crescem nas ruas de Salvador. Vivendo juntos no Trapiche, formam uma comunidade unida. A chegada de Dora e do seu irmão Zé Fuinha, trazidos por Professor, causa alvoroço entre os rapazes, que não estão habituados à presença feminina. Aos poucos, desenvolve-se um laço afetivo entre o líder do grupo e a menina.

    Capitães da Areia
    (Captains of the Sands)
    https://en.wikipedia.org/wiki/Captains_of_the_Sands
    Nota: Para referência.
  • Dona Flor e Seus Dois Maridos
    A história começa durante o carnaval de 1943 na Bahia, quando Vadinho, um mulherengo e jogador inveterado, morre subitamente. Dona Flor, sua mulher, fica inconsolável. Algum tempo depois, casa com Teodoro Madureira, um farmacêutico que é o oposto do seu primeiro marido. Juntos, levam uma vida estável e tranquila, mas monótona, até ao dia em que o fantasma de Vadinho aparece na cama de Dona Flor.

Dona Flor e Seus Dois Maridos (romance)
(Dona Flor and Her Two Husbands) (novel)
https://en.wikipedia.org/wiki/Dona_Flor_and_Her_Two_Husbands_(novel)Nota: Para referência.

  • Gabriela, Cravo e Canela
    O livro narra o romance entre Nacib e Gabriela, passado em Ilhéus na década de 1920, durante o auge do desenvolvimento da cidade impulsionado pelo cacau. A sensualidade de Gabriela conquista Nacib e muitos outros homens, desafiando a lei contra o adultério feminino. Publicado em 1958, o livro foi um sucesso mundial e tornou-se uma aclamada telenovela brasileira.

Gabriela, Cravo e Canela
(Gabriela, Clove and Cinnamon)
https://en.wikipedia.org/wiki/Gabriela,_Clove_and_Cinnamon
Nota: Para referência.

Mestiço
https://en.wikipedia.org/wiki/Mestiço
Nota: Para os dados.

Coronel Paulo Coutinho

(7) — quatro registos

> A fotografia de família nesta secção faz parte da coleção pessoal de fotografias de família.

Jogo do bicho
https://en.wikipedia.org/wiki/Jogo_do_bicho
Nota: Para referência.

Polícia Militar (Brasil)
Military Police [Brazil]
https://en.wikipedia.org/wiki/Military_Police_(Brazil)#:~:text=The Military Police was founded,on being exclusively police forces.
Nota: Para o texto.

Gendarmerie
https://en.wikipedia.org/wiki/Gendarmerie
Nota: Para referência.

Vivendo em Ilhéus e depois em Piranga

(8) — três registos

> As fotografias de família desta secção fazem parte da coleção pessoal de fotografias de família.

World Bank Group
No Brasil, uma classe média emergente arranca
(In Brazil, an emergent middle class takes off)
https://www.worldbank.org/en/news/feature/2012/11/13/middle-class-in-Brazil-Latin-America-report
Nota: Para o texto.

Cenas de Salvador da Bahia de Carybé

Exposição “Carybé e o Povo da Bahia”
celebra a identidade cultural no Museu de Arte da Bahia

https://jornalgrandebahia.com.br/2024/12/exposicao-carybe-e-o-povo-da-bahia-celebra-a-identidade-cultural-no-museu-de-arte-da-bahia/
Nota: Para as ilustrações de Carybé acima.

Juazeiro
https://en.wikipedia.org/wiki/Juazeiro
Nota: Para o texto.

Pensando em Helena e Maria

(9) — quatro registos

> A fotografia de família nesta secção faz parte da coleção pessoal de fotografias de família.

LAB – Latin American Bureau
Empregadas domésticas brasileiras: um ensaio fotográfico
(Brazilian Maids: A Photo Essay)
por Mike Gatehouse
https://lab.org.uk/brazilian-maids-a-photo-essay/
Nota: Para o texto.

Vitória (Salvador)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitória_(Salvador)
Nota: Para o texto.

Geographicus Rare Antique Maps
1931 Papelaria Brazileira City Plan of Salvador, Brazil
https://www.geographicus.com/P/AntiqueMap/salvadorbahia-papelariabrazileira-1931
Nota: Para a imagem do mapa.

A Culpa é da Bossa Nova

(10) — dois records

Sérgio Mendes
https://en.wikipedia.org/wiki/Sérgio_Mendes
Nota: Para referência.
and
Herb Alpert Apresenta Sergio Mendes & Brasil ’66
(Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil ’66)
https://en.wikipedia.org/wiki/Herb_Alpert_Presents_Sergio_Mendes_%26_Brasil_%2766
Nota: Referente à arte da capa do álbum.

The Coutinho / Oliveira Line, A Narrative — Three

This is Chapter 3 of 3, being the last chapter that follows this family line. (Again, as a reminder), in total there are 6 chapters: the first set of 3 chapters is written in English; second set of 3 chapters is translated into Portuguese.

Varig Airlines Jets to Bahia travel poster, circa 1960.
(Image courtesy of Librairie Elbé, Paris).

A Place Quite Apart

The Coutinho and Oliveira families are traditional Brazilian Roman Catholic families, descended from Portuguese immigrants. However, the northeastern state of Bahia, which they immigrated to, is a unique place quite apart from the rest of Brazil. There are historical reasons for this… (1)

Catholicism is the Foundational Religion of Brazil

“According to the tradition, the first Catholic mass celebrated in Brazil took place on April 26, 1500. It was celebrated by a priest who arrived in the country along with the Portuguese pirates and explorers to claim possession of the newfound land. The first diocese in Brazil was erected more than 50 years later, in 1551.

Brazil’s strong Catholic heritage can be traced to the Iberian missionary zeal, with the 15th-century goal of spreading Christianity. The Church missions began to hamper the government policy of exploiting the natives. [Thus] in 1782 the Jesuits were suppressed, and the government tightened its control over the Church. [In the present day,] the Catholic Church is the largest denomination in the country, where 119 million people, or 56.75% of the Brazilian population, were self-declared Catholics in 2022. These figures make Brazil the single country with the largest Catholic community in the world.” There is a large pantheon of saints in the catholic tradition. (Wikipedia and Google)

Top left: Exterior of the Church of Nosso Senhor do Bonfim, Salvador. Top right: Ribbons tied to the fence which surrounds the church. They read ‘Lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia’ (Remembrance of the Lord of Bonfim of Bahia) and are linked to the belief of having your wishes granted. Bottom: Interior view of the Igreja e Convento de São Francisco / The São Francisco Church and Convent.

Comment: There are more Roman Catholics in Brazil than there are in Italy, simply because the population of Brazil is much greater than that of Italy. It would be very appropriate to say that Catholicism is an institutionalized religion in Bahia. Specifically, sources cite that there are more than 365 historic cathedrals and churches just in Salvador da Bahia alone. (One for each day of the year — So this makes us ponder, what about Leap Year Day? Instead of going to church, does everyone get a day off to go to the beach?) (2)

Slavery Did Not Officially End Until 1888

“During the Atlantic slave trade era, Brazil imported more enslaved Africans than any other country in the world. Out of the 12 million Africans who were forcibly brought to the New World, approximately 5.5 million were brought to Brazil between 1540 and the 1860s. The mass enslavement of Africans played a pivotal role in the country’s economy and was responsible for the production of vast amounts of wealth. In the first 250 years after the colonization of the land, roughly 70% of all immigrants to the colony were enslaved people.

Slavery was not legally ended nationwide until 1888, when Isabel, Princess Imperial of Brazil, promulgated the Lei Áurea (“Golden Act”). The Lei Áurea was preceded by the Rio Branco Law of September 28, 1871 (the Law of Free Birth), which freed all children born to slave parents, and by the Saraiva-Cotegipe Law (the Law of Sexagenarians), of September 28, 1885, that freed slaves when they reached the age of 60. Brazil was the last country in the Western world to abolish slavery.” (Wikipedia, see footnotes). (3)

At left: Isabel, Princess Imperial of Brazil, photographed by Joaquim Insley Pacheco, circa 1870.
At right: Manuscript of the Lei Áurea from the Brazilian National Archives.

Candomblé and Syncretism

When we lived in Bahia, we would sometimes view portions of Candomblé ceremonies that were held at a place called a terreiro, (a temple or house of worship). These sacred spaces are central to Candomblé, serving as the location for community worship, rituals, and connections with ancestral spirits. We both felt that it was rather remarkable that many different  Pai-de-santos (father of the saint) or Mãe-de-santos could look at you and tell you exactly which Orirá looked over you. (And among them in different times and places, they were always consistent).

“Candomblé developed among Afro-Brazilian communities amid the Atlantic slave trade of the 16th to 19th centuries. It arose through the blending of the traditional African religions from the Yoruba, Bantu, and Fon people brought to South America, along with Roman Catholicism, especially the Catholic saints. It primarily coalesced in the Bahia region during the 19th century.” (Wikipedia and Altar Gods)

One of the central religious traditions of Candomble is veneration of the Orixas, divine energies associated with different elements of nature. Individuals are believed to identify with one of the Orixas as their tutelary spirit. (Altar Gods)

When these many enslaved peoples arrived in Bahia during this diaspora, they encountered Roman Catholic Portuguese colonialists who then controlled the area. Very cleverly, they maintained their religious affiliations by covertly hiding their own saints who were linked to Catholic saints as a way to preserve African beliefs despite forced religious conversion. This is called syncretism. An example of this is the Orixa Ogun, who stands-in for, Saint George, Saint Sebastian, or Saint Anthony, depending upon your location. Candomblé can be thought of as a non-institutionalized religion in Bahia.

Image at top: Contemporary artwork representing three Orixas. Bottom left: A group of Candomblé practitioners photographed in 1902. (Both images are courtesy of Altar Gods). Bottom right: Family photograph of the Yemanjá festival held every February in Salvador, Bahia.

In summary, “Candomblé is a uniquely Afro-Brazilian religion, made possible by mixing African, European, and native Indian traditions in the New World. Candomblé is strongest in Bahia, Brazil, a major port for arriving Africans. Its principal city, Salvador, was the first capital city of Brazil. The first Candomblé temple was built in Salvador in the 19th century after the abolition of slavery.” (Wikipedia) (4)

The Oliveira Family of Ubaitaba circa 1949-50. Left to right: Raynelde Dantas Motta, Laura (Oliveira) Motta, Lourdes Oliveira, João Celestino de Oliveira, Maria (Almeida) de Oliveira, Lindaura de Almeida Oliveira, and José Oliveira. (Family photograph).

The Oliveira Family of Ubaitaba

Ubaitaba is a small river city found in section of the remaining ancient Atlantic rainforest, in the state of Bahia, between the cities of Salvador and Ilhéus. This region “was formerly inhabited by Indigenous peoples [Tupi] until the arrival of Portuguese colonizers. After contact with the Portuguese and the establishment of the Captaincies of Brazil by King Manuel I of Portugal from 1504 onwards, the municipality’s territory became part of the lands of the Captaincy of São Jorge dos Ilhéus. The village of São Jorge dos Ilhéus was founded in 1536 as Vila de São Jorge dos Ilhéos. The modern name of Ubaitaba is from the Tupi language.

Throughout the 18th century, the Captaincy of São Jorge dos Ilhéus developed, and farms were established along the coast of the vast region. The origin of the village is related to the creation of both the Arraial de Tabocas and the Arraial de Faisqueira farms (in 1783), an area then used for timber extraction, sugar cane, cereal and cocoa cultivation.

This is a excerpted portion of the General Map of Brazil published in January 1911, and organized by the company Hartmann-Reichenbach. The red lines are railways. (Map image courtesy of Mapas Históricos da Bahia).

On January 28, 1914, a river flood destroyed the Arraial de Tabocas, scattering its population. Coordinated by physician Francisco Xavier de Oliveira, a resident of the village, the victims rebuilt the settlement, rising above the floodwaters. The name chosen was Itapira. [This name was changed to] Ubaitaba, conferred in 1933, a combination of the Indigenous words ‘ubá, meaning small canoe, ‘y,’ meaning river, and ‘taba’ meaning village / city.

When reviewing the very few historic photographs available of the city, the layout is two parallel roads which run along the river’s edge. Between the two streets is a wide, park-like meridien, with the Catholic Church anchoring one end of town. Shops and stores are one or two stories tall, and facing the street. We provide this description because the Oliveira family ran a general market store in Ubaitaba, of the type then known as a mercearia.

Left: One of the two main streets of the town of Ubaitaba, Bahia in the 19th century. Right: the church which anchored the end of the streets. The general market ‘mercearia’ which the Oliveira family operated, would have been somewhere along this street, and could have looked like the one shown in the lower photograph. (For photograph credits, see footnotes).


Before the rise of large retail chains, mercerias gerais (general stores) served as essential neighborhood stores where people could buy a range of everyday products, acting as a central point in local communities. They sold a wide variety of basic and imported goods, including staples like rice, beans, and sugar, along with everyday essentials like soap and matches, and a selection of imported foods and liquors. They also offered locally made products such as coffee, cheese, and fruits.

Some rare mercearias still exist to this day, but that particular evocative name has given way to the rather bland and universal name of mini-market. (Think lottery tickets, cigarettes, a carton of milk, and perhaps some chips, or donuts). In this modern Walmart era in which we live, very few places still exist in local communities, where you can walk into a small family store and everyone knows your name.

For the de Oliveira family
We can begin with, Manoel Celestino de Oliveira, born (likely) in Brazil. He married Rita Celestino de Oliveira. They had a son, who is named —

João Celestino de Oliveira, born November 6, 1890 — in Maceió, Alagoas (state) died November 25, 1968, in Ubaitaba. He was married two times: first to Eufrosina Souza Oliveira, until her death before 1925. They had one child.

Second, he married Maria de Almeida in 1925. She was born on March 20, 1900 in Maracás — died October 5, 1968, in Ubaitaba. They had four more children.
Maria de Almeida’s parents were: Cândido Olegário de Almeida and Balbina Olegário.

Together, João Celestino de Oliveira and Maria de Almeida raised 5 children. All births and deaths are in Bahia, Brazil, unless noted otherwise:

  • Agostinho Celestino de Oliveira, born August 13, 1919 — died April 12, 1983.
    (His birth mother was first wife Eufrosina Souza Oliveira). He married Ana Eusátquio de Souza on April 24, 1944.
  • Lindaura de Almeida (Oliveira) Coutinho, born October 24, 1927 in Ubaitaba — died June 19, 2020 in Salvador.
    (Lindaura carries the family line forward. See her spouse and children below).
  • Laura de Almeida (Oliveira) Motta, born March 27, 1929. She married Raynelde Dantas Motta, on March 30, 1949.
  • José Celestino de Oliveira, born December 20, 1937 — died 1992. He married Nidia Maria Amado de Oliveira in May 1968.
    She was a cousin of the beloved Brazilian novelist Jorge Amado, (see footnotes).
  • Maria Lourdes de Almeida (Oliveira) Cunha, born November 11, 1938. She married Humberto Olegário da Cunha on December 28, 1965. (5)
Paulo de Azevêdo Coutinho, circa 1966, and
Lindaura Almeida (Oliveira) Coutinho, circa 1950s.
(Family photographs).

You can’t imagine how much I’ve missed you…”

Before they were married, Paulo and Lindaura corresponded via letters for about two years before becoming engaged in September 1950. (At that time, letters were the only way they could communicate. Home telephones were still rather new and quite expensive, in the Brazil of that that era). None of those courtship letters have survived, but a few others have. When we looked at them we noted the degree of tenderness with which he still wrote to his wife Lindaura, even many years after they were married. In a 1968 letter (which we have placed the in the footnotes), we read these words —

April 11, 1968

My dear Lindaura,

Wishing you health together with our dear children.

I’m arranging things so that you can come here in the beginning of May. Rivaldo has found a house in Piranga, but he has to make major repairs. I won’t be paying rent, nor for any repairs.

I think that our little ones won’t be too unfamiliar with the climate in Piranga. Soon, I’ll write you a more detailed letter. You can’t imagine how much I’ve missed you. Many kisses to our children. A melancholic hug from your Paulo.

PS: The bonus will be worth it. NBR 500.00. If the “Ritom” truck doesn’t arrive by the 17th of this month, I’ll send Maria Celeste’s dresses by plane.

Their March 1952 wedding photograph. (Family photograph).

Paulo de Azevêdo Coutinho, born June 29, 1919 in Lençóis — died November 28, 1990 in Salvador. He married Lindaura Almeida de Oliveira on March 19, 1952 in Ubaitaba. She was born October 24, 1927 in Ubaitaba — died June 19, 2020 in Salvador.

They had five children together, as follows below. All births and deaths are in Bahia, Brazil, unless otherwise noted:

  • Maria Celeste Oliveira Coutinho, born July 14, 1953 in Salvador. She married Bernardino Dantas de Santana on July 28, 1989, — (ends) unknown date.
  • Maria Angela Oliveira (Coutinho) Martins Bass, born April 11, 1955 in Salvador. She married two times, first to Antonio Martins, Jr., 1985 — (ends) before 2002. She married second Robert Bass, 2002 — 2010, (his death). He died in Sarasota County, Florida, United States.
  • Maria Cristina Oliveira (Coutinho) Pinheiro, born May 27, 1961 in Ilhéus. She married Antonio Carlos Marques Pinheiro on September 17, 1983. They had two children.
  • Paulo Emilio Oliveira Coutinho, born September 17, 1963 in Ilhéus. He married once, first to Marizela Cardoso Sales, 1991 — (ends) before 2023. They had two children. Second, he was domestic-partnered to Sonia Alves Silva Chagas, in 2023. They have one child.
  • Leandro José Oliveira Coutinho, born September 30, 1965 in Ilhéus. He married Thomas Harley Bond on June 26, 2008.

Prior to knowing Lindaura Almeida Oliveira, Paulo de Azevêdo Coutinho had a previous relationship with a woman named Zulmira Silva. Even though they never married, and the fact that she passed on in 1952, from this union there were two children who were half-siblings of the (above) family. Paulo was then the father to seven children.

Left: Paulo, Lindaura, and Sonia Coutinho, circa 1950. Right: Newton in a school photograph, circa 1954. (Family photographs).
  • Sonia Maria De Azevêdo (Coutinho) Costa, born November 5, 1942, in Salvador. She married Jorge Augusto de Oliveira Costa in 1969. They had two children.
  • Newton de Azevêdo Coutinho, born September 25, 1944 — died May 27, 2000, both in Salvador. He married Titê _______ in 1971. They had one child. (6)
The July 21, 1967 edition of Diário de Itabuna newspaper:
“With Mayor José de Almeida Alcântara, council members, officials, and the press in attendance, Colonel Paulo Coutinho was sworn in as Itabuna Police Chief yesterday at 3 p.m. During his speech (photo), Mayor Alcantara (pictured) emphasized the need for ‘a more effective fight against the infamous jogo do bicho [an illegal gambling numbers game, see footnotes], which is openly rampant in the city.” (Family photograph).

Colonel Paulo Coutinho

The above newspaper photograph shows Colonel Paulo Coutinho as the newly-sworn-in Itabuna Police Chief in July 1967. The excited man waving his arm is José de Almeida Alcântara, the local mayor who seems quite upset about the local goings-on of an illegal gambling numbers enterprise called Jogo de Bicho. This was a game that was extremely popular, and at the same time, extremely illegal. It preyed upon people who simply could not afford to gamble. From Wikipedia, “The game is said to have become popular because it accepted bets of any amount, in a time when most Brazilians struggled to survive a very deep economic crisis. ‘If you see two shacks lost somewhere in the backlands’ a Brazilian diplomat once observed, ‘you can bet that a bicheiro [someone connected to the game] lives in one of them and a steady bettor in the other.’” 

It was Colonel Coutinho’s job to crack down on the illegal operation. This was an opportunity for someone in his position to take bribes and accept money under the table to look the other way, but he never did this. To this day, his family is quite clear that he was what could be described as a straight-arrow, who thought that living an honest life was better than advancing through corruption. (And this was during the era of a repressive military dictatorship, which his family also maintains that he steered clear of too).

“The name Military Police was only standardized in 1946 under the regime of Getúlio Vargas, with the new Constitution of 1946 after the Vargas Era of the Estado Novo (1937-1945), which had the objective of limiting the military capacity of the Public Forces in order to focus on being exclusively police forces. Historically in Brazil, ‘After World War II, the Military Police became a more traditional police force, similar to a gendarmerie, subject to the states’. Gendarmes are very rarely deployed in military situations, except in humanitarian deployments abroad. In a country like the United States, the military and police are separate in terms of they interact with the community.” Therefore, for those who are not from Brazil, this term may be misleading.

“According to Article 144 of the federal constitution, the function of the Military Police is to serve as a conspicuous police force and to preserve public order. [They] are organized as a military force and have a military-based rank structure. The commandant of a state’s Military Police is usually a Colonel. The command is divided into police regions, which deploy police battalions and companies.” (Wikipedia)

Colonel Coutinho worked in several different communities during his career: Ilhéus, Itabuna, Juazeiro, and Salvador. Some of these assignments sometimes separated him from his growing family for periods of time. (7)

The Coutinho home when they lived in Ilheus, Bahia, located at Rua Almiro Vinhas, 13.

Living in Ilhéus and then Piranga

The Coutinho family was a middle-class family during a time in Brazil when there were very few similar families. Indeed, from the 1950s through the 1980s, the middle class of was very small. Then things started to shift with the advancement of democracy and further economic prosperity. The “middle class comprised 15% of the Brazilian population in the early 1980s, and now they encompass nearly a third of the country’s 190 million inhabitants. It rose thanks to Brazil’s good economic performance in the recent years, poverty reduction policies, new work opportunities, and a better-educated workforce. (World Bank Group)

The Coutinho family, circa 1967. Front row, left to right: Paulo and Cristina. Back row, left to right: Angela, Celeste, Lindaura, Paulo Sr., and Leandro. (Family photograph).

Circa 1969, the family moved to the northern part of Bahia for a year and lived in Piranga, at the northern border of the Bahia state. As Paulo had written in his letter to Lindaura in April 1968, “The bonus will be worth it. NBR 500.00.” This informs us that their move north was likely due to a work promotion for his career as a Colonel with the Military Police.

This is an excerpted portion of the General Map of Brazil published in January 1911. Piranga is a small municipality located on the São Francisco river in the very upper portion of Bahia. (Map image courtesy of Mapas Históricos da Bahia).

The Piranga community is small municipality and a suburb of Juazeiro, which “is twinned with Petrolina, in the [adjacent] state of Pernambuco. The two cities are connected by a modern bridge crossing the São Francisco River. Together they form the metropolitan region of Petrolina-Juazeiro, an urban conglomerate of close to 500,000 inhabitants’. (Wikipedia) The family returned to Ilhéus again before finally moving to Salvador in 1970. (8)

Thinking of Helena and Maria

Observation: When I was first living in Salvador da Bahia, I was startled by the sheer abundance of people who had other people available to work for them as household staff. As a middle class American child, this was not something that was even remotely available to us in any form. We always had many chores to do, in addition all the other responsibilities we bore as adolescents. — Thomas

“The end of slavery in 1888 didn’t come with any plan to integrate the black ex-slaves into a capitalist society based on paid work. While the paid jobs were offered to the Europeans that emigrated to Brazil after that time, for many of the poor and uneducated black women the only possibility was to continue working as maids”. As recalled by writer Mike Gatehouse, ‘The women… would live in a small bedroom in the working area of our flat. This was common for all my friends, as it had been for our parents. During those years chores were never part of my routine or something I had to worry about. The house worked like a hotel where rooms were cleaned, clothes washed and meals appeared as if by magic.’” (LAB — Latin American Bureau, see footnotes.)

Circa 1970, Paulo was promoted again. This took the family to the coastal city of Salvador, and into the Canela neighborhood.

In Ilhéus, Piranga, and Salvador, Helena was the person who fulfilled the important role of the home-helper. She lived with the Coutinho family until she was 21 years old, and assisted with looking after the children. Furthermore, another woman named Maria worked as a domestic servant, but she did not live in the house.

Left: The Coutinho home when they lived in Salvador, Bahia, located at Edificio Júpiter,
Avenida Sete de Septembre, 2155, in the Vitória neighborhood. Right: Helena, with Leandro. (Family photographs).

In 1975 they moved one last time, into a new home in a modern skyscraper named Edificio Júpiter, located on the celebrated Corredor da Vitória. (In Brazil, it is very common to identify buildings by their name, rather than their address). This building and the adjacent Vitória neighborhood afforded the family easy access to conveniences, good schools for the children, and quite importantly — safety, during a period of much tension in Brazil. Lindaura, the family’s mother, lived in Edificio Júpiter for 45 years.

Papelaria Brazileira City Plan of Salvador, Brazil. The area circled in green encloses
the Canela, and the Vitória districts where the Coutinho family lived.
(Image courtesy of Geographicus Rare Antique Maps).

“Less than a kilometer long, the Corredor da Vitória is home to the Bahia Art Museum, the Carlos Costa Pinto Museum, and the Bahia Geological Museum. Vitória is one of the most valued urban areas in Northeast Brazil.” (Wikipedia)

Leandro remembers the many mango trees and the grand old homes which still then lined the street. Sometimes, as the older families from the previous era passed away, their homes and gardens would become abandoned, and fall into disrepair. (Most of these homes were eventually razed to make way for modern high-rise apartment buildings). To this day, he shares tales that his passion for mangos would seduce him into sneaking into these old gardens, climbing the trees, and furtively sneaking away with a clutch of fresh mangos. (9)

Blame It On The Bossa Nova

When Leandro and I met, it was truly North America meets South America because his English was not very good, and my Portuguese was non-existent. (He had been living for the previous decade in Germany, and France before that, so his French and German were quite good). As the North American, I was then, (and am still somewhat now), a big contrast to his skillful linguistic ability. I have always been humbled by the ease with which he fluently slips into other languages at dinner parties.

Initially at that time, I thought about what I knew about Brazil, and the answer was not too much. When I was a boy, Brazil vanished in to repressive military regime and there just wasn’t any news about it in the local newspapers. When democracy returned to Brazil between 1985 — 1988, no one I knew was paying much attention, even though we were aware of this change.

Like most Americans, if I knew much about Brazil, it was simply Carmen Miranda, and some Bossa Nova radio hits. Ms. Miranda was famous for her flair for wearing a banana hat in movies while looking lovely, (and also like she was having a lot of fun while doing this). Bossa Nova music was then translated into English for palatability to American audiences (and of course, to sell more records).

Most of us were aware of the hit song The Girl from Ipanema, which we heard on AM transistor radios. Influentialy, the band Sergio Mendes & Brazil ’66 was extremely popular in the mid-1960s, (around the time that Leandro was born). In fact, they were so famous that I still have a distinct memory of standing in a muddy field in Newbury Township, Ohio, after a rainstorm, when I was about 10 years old. I watched the Newbury High School Marching Band knock-out a pretty good version of the song Mas Que Nada (which ironically, was sung in Portuguese). I would say that it was toe-tapping good, but my boots were stuck in the mud.

Mas Que Nada as performed by Sergio Mendes and Brasil ’66.

For Leandro and his family lines, the Coutinhos and the Oliveiras — after many, many years, life has come full circle as we have returned to the ancient land of his ancestors. We see the world through our modern lens, thinking always about those who lived here before us. For this family line, we have reversed the tide of their past immigration, for we now live in Lisbon, Portugal. (10)

— Thomas

Following are the footnotes for the Primary Source Materials,
Notes, and Observations

A Place Quite Apart

(1) — one record

Librairie Elbé Paris
Jets to Brazil, Varig Airlines travel poster
by Artist unknown, circa 1960 
https://www.elbe.paris/en/vintage-travel-posters/1618-vintage-poster-1960-jets-brazil-varig-airlines.html
Note: For the vintage poster artwork.

Catholicism is the Foundational Religion of Brazil

(2) — four records

Catholic Church in Brazil
https://en.wikipedia.org/wiki/Catholic_Church_in_Brazil
Note: For the text.

Some of the Saints in the Roman Catholic pantheon.

Statues of Saints in Ouro Preto, Minas Gerais
by Photographer unknown
https://en.wikipedia.org/wiki/Catholic_Church_in_Brazil#/media/File:-i—i-_(6288973445).jpg
Note: For the photo shown above.

Afar
The São Francisco Church and Convent
Igreja e Convento de São Francisco

https://www.afar.com/places/igreja-e-convento-de-sao-francisco-salvador
Note: For the photograph.

Church of Nosso Senhor do Bonfim, Salvador
https://en.wikipedia.org/wiki/Church_of_Nosso_Senhor_do_Bonfim,_Salvador
Note: For the text explaining “Lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia” (Remembrance of the Lord of Bonfim of Bahia).

Slavery Did Not Officially End Until 1888

(3) — four records

Slavery in Brazil
https://en.wikipedia.org/wiki/Slavery_in_Brazil
Note: For the text.

Isabel, Princess Imperial of Brazil
https://en.wikipedia.org/wiki/Isabel,_Princess_Imperial_of_Brazil
Note: For the reference.

Isabel, Princess Imperial of Brazil
photographed by Joaquim Insley Pacheco, circa 1870
https://en.wikipedia.org/wiki/Isabel,_Princess_Imperial_of_Brazil#/media/File:Isabel,_Princesa_do_Brasil,_1846-1921_(cropped).jpg
Note: For her portrait.

Lei Áurea
https://en.wikipedia.org/wiki/Lei_Áurea
Note: For the document image.

Candomblé and Syncretism

(4) — three records

Carybé illustration of the Orixa Yemanjá.
(Image courtesy of Pinterest).

Candomblé
https://en.wikipedia.org/wiki/Candomblé
Note: For the text and historical photograph from 1902.

Altar Gods
Candomble: Afro-Brazilian Faith and the Orixas 
https://altargods.com/candomble/candomble/
Note: For the text and artworks.

The Oliveira Family of Ubaitaba

(5) — five records

> The family photograph in this section is from the personal family photograph collection.

Ubaitaba
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ubaitaba
Note: For the text.

Mapas Históricos da Bahia
Mapa da Bahia de 1911
https://www.historia-brasil.com/bahia/mapas-historicos/seculo-20.htm
Notes: This is a excerpted portion of the General Map of Brazil published in January 1911, and organized by the company Hartmann-Reichenbach. The red lines are railways.

Ubaitaba.com
História Regional and História
http://ubaitaba.com/historia-regional/
Note: Upper photographs are from the website section labeled História Regional and História.

Restos de Colecção
Mercearias e Mini-Mercados
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2013/05/mercearias-e-mini-mercados.html
Note: For the lower photograph titled Antigas Mercearias.

You can’t imagine how much I’ve missed you…”

(6) — nine records

> The family photographs in this section are from the personal family photograph collection.

The April 11, 1968 letter from Paulo to his wife Lindaura, just before their move to Piranga, Bahia.

Jorge Amado, August 10, 1912 — August 6, 2001) “…was a Brazilian writer of the modernist school. He remains the best-known of modern Brazilian writers, with his work having been translated into some 49 languages and popularized in film, including Dona Flor and Her Two Husbands in 1976, and having been nominated for the Nobel Prize in Literature at least seven times.

Portrait of novelist Jorge Amado.

His work reflects the image of a Mestiço* Brazil and is marked by religious syncretism. He depicted a cheerful and optimistic country that was beset, at the same time, with deep social and economic differences.” (Wikipedia) *Mestiço is a Portuguese term that refers to persons of mixed race, as people from European and Indigenous non-European ancestry.

Jorge Amado
https://en.wikipedia.org/wiki/Jorge_Amado
Note: For the text.

Fundação Casa de Jorge Amado
https://www.jorgeamado.org.br/
Note: For his portrait.

Brazilian Publishers
3 Books to Get to Know The Work of Jorge Amado,
Master of Social Realism and Bahian Imagination

https://brazilianpublishers.com.br/en/noticias-en/3-books-to-get-to-know-the-work-of-jorge-amado-master-of-social-realism-and-bahian-imagination/
Note: For the text.

The Brazilian Publishers website recommends that these “three essential books [which should be read] to discover the strength and diversity of his literature”. (The descriptive text below is from their website).

  • Captains of the Sands (Capitães da Areia)
    In the book, we follow Pedro Bala, Professor, Gato, Sem Pernas and Boa Vida, marginalized young people who grow up on the streets of Salvador. Living together at Trapiche, they form a close-knit community. The arrival of Dora and her brother Zé Fuinha, brought by Professor, causes a stir among the boys, who are not used to the female presence. Slowly, an emotional bond develops between the group’s leader and the girl.

    Captains of the Sands
    https://en.wikipedia.org/wiki/Captains_of_the_Sands
    Note: For the reference.
  • Dona Flor and Her Two Husbands (Dona Flor e Seus Dois Maridos)
    The story begins during the 1943 carnival in Bahia, when Vadinho, a womanizer and inveterate gambler, suddenly dies. Dona Flor, his wife, is inconsolable. Some time later, she marries Teodoro Madureira, a pharmacist who is the opposite of her first husband. Together, they have a stable and peaceful, but boring, life until the day when Vadinho’s ghost appears in Dona Flor’s bed.

    Dona Flor and Her Two Husbands (novel)
    https://en.wikipedia.org/wiki/Dona_Flor_and_Her_Two_Husbands_(novel)Note: For the reference.
  • Gabriela, Clove and Cinnamon (Gabriela, Cravo e Canela)
    The book tells the story of the romance between Nacib and Gabriela, set in Ilhéus in the 1920s, during the city’s cocoa-driven development. Gabriela’s sensuality wins over Nacib and many men, defying the law against female adultery. Published in 1958, the book was a worldwide success and became an acclaimed Brazilian soap opera.

Gabriela, Clove and Cinnamon
https://en.wikipedia.org/wiki/Gabriela,_Clove_and_Cinnamon
Note: For the reference.

Mestiço
https://en.wikipedia.org/wiki/Mestiço
Note: For the data.

Colonel Paulo Coutinho

(7) — four records

> The family photograph in this section is from the personal family photograph collection.

Jogo do bicho
https://en.wikipedia.org/wiki/Jogo_do_bicho
Note: For the reference.

Military Police (Brazil)
https://en.wikipedia.org/wiki/Military_Police_(Brazil)#:~:text=The Military Police was founded,on being exclusively police forces.
Note: For the text.

Gendarmerie
https://en.wikipedia.org/wiki/Gendarmerie
Note: For the reference.

World Bank Group
In Brazil, an emergent middle class takes off
https://www.worldbank.org/en/news/feature/2012/11/13/middle-class-in-Brazil-Latin-America-report
Note: For the text.

Living in Ilhéus and then Piranga

(8) — three records

> The family photographs in this section are from the personal family photograph collection.

Scenes of Salvador da Bahia by Carybé

Exposição “Carybé e o Povo da Bahia”
celebra a identidade cultural no Museu de Arte da Bahia

https://jornalgrandebahia.com.br/2024/12/exposicao-carybe-e-o-povo-da-bahia-celebra-a-identidade-cultural-no-museu-de-arte-da-bahia/
Note: For the Carybé illustrations above.

Juazeiro
https://en.wikipedia.org/wiki/Juazeiro
Note: For the text.

Thinking of Helena and Maria

(9) — four records

> The family photograph in this section is from the personal family photograph collection.

LAB – Latin American Bureau
Brazilian Maids: A Photo Essay
by Mike Gatehouse
https://lab.org.uk/brazilian-maids-a-photo-essay/
Note: For the text.

Vitória (Salvador)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitória_(Salvador)
Note: For the text.

Geographicus Rare Antique Maps
1931 Papelaria Brazileira City Plan of Salvador, Brazil
https://www.geographicus.com/P/AntiqueMap/salvadorbahia-papelariabrazileira-1931
Note: For the map image.

Blame It On The Bossa Nova

(10) — two records

Sérgio Mendes
https://en.wikipedia.org/wiki/Sérgio_Mendes
Note: For the reference.
and
Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil ’66
https://en.wikipedia.org/wiki/Herb_Alpert_Presents_Sergio_Mendes_%26_Brasil_%2766
Note: For the album cover artwork.